A INSPEÇÃO EM VOO NO BRASIL
Para assegurar o perfeito funcionamento do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro (SISCEAB), é necessária a execução regular da chamada "Inspeção em voo de Equipamentos e Procedimentos Operacionais”. Essa inspeção tem como principal objetivo garantir a qualidade e a segurança dos serviços prestados pelo DECEA, uma vez que mantém aferidos e operando todos os equipamentos de auxílio à navegação aérea, aproximação e pouso do Brasil.
Realizadas pelo DECEA, através do Grupo Especial de Inspeção em voo (GEIV), as inspeções avaliam continuamente:
- A performance dos controladores de tráfego aéreo
- As informações aeronáuticas contidas nas publicações pertinentes e nas cartas aeronáuticas
- As informações dos serviços meteorológicos para o meio aeronáutico
- Os serviços de telecomunicações
- A acuracidade dos mapas e dos procedimentos de navegação aérea
- A performance dos radares de vigilância
- A verificação dos sinais eletrônicos que auxiliam a navegação aérea
- Outras atividades pertinentes à qualidade e à segurança do controle do espaço aéreo.
AS INSPEÇÕES
A infra-estrutura aeronáutica é estabelecida em função das necessidades operacionais, de modo a prover o serviço de controle de tráfego aéreo - para a aviação civil e militar - durante todas as fases do voo (decolagem, rota e pouso).
Os equipamentos que apóiam a navegação das aeronaves são chamados de Auxílios à Navegação Aérea. Eles emitem ondas eletromagnéticas, ou seja, transmitem sinais que, através dos receptores de bordo das aeronaves e de seus instrumentos associados, fornecem informações ao piloto para que possa voar na rota (direção) planejada e aterrissar sua aeronave com segurança, independentemente de condições meteorológicas adversas.
Uma das funções da inspeção é a de verificar a qualidade desses sinais em voo, fazendo análises, medições e, quando houver necessidade, correções para que os auxílios atendam aos parâmetros previstos.
Os Auxílios de Navegação Aérea são avaliados pela:
- Inspeção de Avaliação de Local: Quando os auxílios são inspecionados antes de serem instalados definitivamente nos locais escolhidos;
- Inspeção de Homologação: Quando o auxílio, radar ou equipamento de comunicação estiver pronto para entrar em operação;
- Inspeção Periódica: Avaliação regular dos auxílios, seguindo uma norma de periodicidade para cada tipo de equipamento;
- Inspeções Especiais: Ocorrem em situações fora da normalidade, tais como a efetivação de novos procedimentos de navegação aérea, reclamação do usuário, manutenção de grande porte, etc.
Devido à grande extensão territorial do País, é necessária a instalação e manutenção de uma quantidade expressiva desses auxílios. Atualmente, o DECEA é responsável pela inspeção de cerca de 900 auxílios à navegação aérea. Dada a sua referência na atividade, também presta serviços de Inspeção em voo em uma série de países da América do Sul, através de convênios firmados internacionalmente.
Monitoração e identificação de interferências
Com o aumento da utilização do espectro eletromagnético, observou-se um crescimento de interferências prejudiciais ao funcionamento dos equipamentos empregados nos serviços aeronáuticos. Atualmente, o DECEA é capaz de monitorar, identificar e localizar essas fontes de interferência, proporcionando meios concretos para subsidiar ações que garantam a qualidade e a confiabilidade do Sistema de Controle do Espaço Aéreo Brasileiro.
Monitoramento de sinais GPS
Com o intuito de colaborar e de adquirir experiência na implantação da navegação por satélites, o DECEA tem desenvolvido estudos para validar os sinais satelitais recebidos no Hemisfério Sul. Existem estações terrenas instaladas, provisoriamente, para monitoramento dos sinais do “Global Positioning System” (GPS). Alguns voos estão sendo realizados, também, com a finalidade de avaliar o desempenho desse sistema.
A Inspeção em voo no conceito CNS/ATM
A conclusão da implantação do conceito CNS/ATM - especificamente dos módulos da navegação e da comunicação por satélites - exigirá da inspeção em voo uma maior ênfase na monitoração de sinais satelitais e a radiomonitoragem de interferências eletromagnéticas, nas faixas de freqüências alocadas para o meio aeronáutico.
Há que se ressaltar que os procedimentos de navegação aérea, os auxílios visuais, o desempenho dos controladores, dos radares e das diversas atividades do DECEA permanecerão sendo avaliados pela inspeção em voo, de forma a garantir que os serviços prestados aos usuários atendam a todos os requisitos operacionais pertinentes.
A inspeção em voo é uma função complexa e dinâmica. Terá como principal desafio a adaptação às novas tecnologias e o desenvolvimento de novos procedimentos e critérios operacionais, a fim de atender às novas exigências aeronáuticas.
Grupo Especial de Inspeção em voo
Para o cumprimento da missão, o Grupo Especial de Inspeção em voo (GEIV), Unidade Aérea responsável pelas inspeções, organiza-se em seis circuitos de voo, executando três circuitos por mês, de modo a cobrir, a cada dois meses, todo o território nacional. Essas verificações ocorrem através de consoles especiais (equipamentos eletrônicos), chamados de “Sistemas de Inspeção em voo” que equipam as “Aeronaves de Inspeção em voo”ou “Aeronaves Laboratório” do GEIV. Essas consoles são cuidadosamente testadas e precisamente calibradas, de forma a avaliar, com alto grau de precisão, os sinais emitidos pelos equipamentos de solo, garantindo a emissão de sinais confiáveis, precisos e contínuos para uso da navegação aérea.
Mão-de-obra altamente especializada
As tripulações das aeronaves-laboratório são selecionadas e treinadas em cursos específicos para o desempenho dessa atividade. Para iniciar a formação do Piloto Inspetor (piloto responsável pela condução do voo de inspeção), exige-se uma experiência mínima de 1.200 horas de voo. A formação prática inicia-se com os voos de inspeção realizados no GEIV. A formação teórica consta da freqüência em cursos específicos, que abrangem conhecimentos relacionados ao funcionamento dos auxílios e das diversas atividades do DECEA, de forma a habilitá-lo a avaliar o desempenho dos controladores e dos sistemas de suporte à gerência do tráfego aéreo. O período gasto com a formação do Piloto Inspetor é de, no mínimo, três anos.
fonte: https://www.decea.gov.br
Aqui estão destacados alguns procedimentos realizados pelo GEIV.
PADRÃO 1
Descrição da manobra: Órbita nivelada mantendo constante a distância (o raio) do rádio auxílio. A altura deverá ser constante, porém o relevo da área sobrevoada poderá exigir uma variação que será informada pelo piloto.
Para qual inspeção é utilizada: - Órbita de VOR/DME - Órbita de V/UHF-COM - Órbita de DF (Recalada) - Cobertura Horizontal de RADAR.
PADRÃO 2
Descrição da manobra: Passagens niveladas aproximando-se ou afastando-se (normalmente de uma RWY) a partir de um ponto previamente reportado. * Eventualmente essa trajetória poderá vir a ser desalinhada com o prolongamento do eixo da pista. Para qual inspeção é utilizada: - Ajustes de sinais de VOR (Radial de Referência) - Radial de Rota - Teste de Monitor de VOR - Faseamento de LLZ - Ângulo e Largura da Rampa de GS - Monitor de Potência de RF de GS - “Tilt” de GS - Ângulo e Largura de PAPIS/VASIS - Cobertura Vertical de RADAR - Largura de Marcadores.
PADRÃO 3
OM: Marcador externo
IM: Marcador interno
Descrição da manobra: Aproximações para a pista com arremetida logo após o Marcador Externo ou sobre a cabeceira. * Eventualmente essa trajetória poderá vir a ser desalinhada com o prolongamento do eixo da pista. Para qual inspeção é utilizada: - Radial de Aproximação de VOR - Modulação e Balanceamento de LLZ e GS - Faseamento de GS - “Clearance” de GS - Estrutura de Curso de LLZ e GS - Largura de Marcadores - Ângulo e Largura de PAPIS/VASIS - “Clearance” de PAPIS/VASIS - Alinhamento de Curso e Rampa de PAR.
PADRÃO 4
OM: Marcador externo
Descrição da manobra: Passagens niveladas transversais ao eixo de aproximação sobre o OM (podendo ser ainda a 2 NM, 10 NM ou 18 NM da cabeceira da pista). A verificação até uma relativa a ± 45º (vide projeção horizontal) será obrigatória em alguns tipos de inspeção. Para qual inspeção é utilizada: - Largura de Curso de LLZ - “Clearance” de LLZ - Monitor de Potência de RF de LLZ - Estrutura Transversa - Cobertura Angular de PAPIS/VASIS/PAR
Fonte: www.screenair.com
Mauro Rodrigues